A Artefumo é uma empresa de fumeiro fundada por Antónia Gonçaves em 1991, com o apoio da ADRAT (Associação de Desenvolvimento da Região do Alto Tâmega) e do IFP (Instituto de Formação Profissional). Inicialmente, começou apenas por produzir alheiras de porco. Actualmente, para além das alheiras de caça, que representam 80% da produção, a empresa fabrica alheiras de porco, de caça, de avestruz, de mel e noz e de caril, para além da linguiça e do salpicão, que se vende, sobretudo, para as grandes superfícies.
O nome de Artefumo foi escolhido “porque a ideia era “fumo” de fumeiro e “arte” de saber-fazer, uma coisa tradicional, a arte de bem-fazer”, apesar da empresa produzir diariamente 400 quilos de alheiras e ser a única unidade de produção de fumeiro no concelho com esta dimensão.
As memórias relativas ao saber-fazer do fumeiro em casa da avó materna de Antónia, em Valpaços, são resgatadas e combinadas com o saber-fazer das mulheres das aldeias que têm trabalhado na fábrica.
"Eu fui criada com os meus avós maternos. Via fazer fumeiro, mas não fazia. Não aprendi. Faziam-se sempre 4, 5 porcos, porque era uma casa muito grande. Lembro-me que se fazia o fumeiro em Dezembro, Janeiro. Eu lembro-me de fazerem as alheiras em casa da minha avó; lembro-me sobretudo da reunião de família que se fazia nesse dia, os meus primos vinham, toda a gente almoçava em casa. A minha avó cozinhava muito bem e sempre controlou ela a cozinha. Eu via aqueles potes de ferro onde se faziam as alheiras. Na altura não se congelava o fumeiro, não havia arcas e as alheiras deixavam-se secar muito bem sequinhas e metiam-se no meio do grão do centeio ou no azeite. O método que nós fazemos lá em cima, é o mesmo que a minha avó fazia na nossa casa. Lembro-me que quando faziam o fumeiro, as senhoras iam para a adega, que era a parte mais fresquinha da casa da minha avó, e era lá que se partia a carne e punham-se uns tachos enormes de barro e faziam-se as sorças. E todos os dias lá iam as mulheres acrescentar vinho, mexer aquilo, para a carne apanhar mais a sorça. Lembro-me que no dia em que se enchiam as linguiças e os salpicões era sempre muito frio e a minha avó mandava fazer umas fogueiras muito grandes com a lenha para aguentar as brasas muito tempo e punha 3, 4 braseiras enormes na adega e as senhoras estavam ali à volta daquele braseiro a encher a tripa. São essas as minhas memórias em relação ao fazer o fumeiro. Quando montei a empresa dependia dos conhecimentos das mulheres que lá trabalhavam. Na altura, eu era a pessoa mais nova, eu tinha 31 anos. Eram todas senhoras com uma certa idade e foram elas que me ensinaram. O fumeiro é feito de forma tradicional…uso aquelas receitas antiga e o acabamento, a preparação, a maneira como é temperado, é tradicional. E eu acho essencial que as pessoas saibam que as coisas são genuínas, que têm a ver com um local e com um saber desse local".

